Fábrica de Biscoitos Paupério
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/AHMVLG/AE/FBP
Título
Fábrica de Biscoitos Paupério
Datas de produção
1876
a
1992
Datas descritivas
s/d; 1876-1992
Dimensão e suporte
26 liv.; 4 cx.; 44 pt.
Entidade detentora
Arquivo Histórico Municipal de Valongo
História administrativa/biográfica/familiar
Embora as referências mais antigas à fábrica e aos produtos Paupério se reportem ao ano de 1865, ano em que foram premiados na Exposição Hortícola e Agrícola do Palácio de Cristal no Porto, a “Fábrica de Biscoitos Paupério”, surgiu nos finais do século XIX em 1874 por sociedade entre António de Sousa Malta Paupério e Joaquim Carlos Figueira.Nesta altura, a empresa toma por designação, “Paupério & Companhia”, dedicada à “exploração da indústria e comércio de pão e biscoutos”. Após constituição da sociedade, foram merecedores de outros prémios em Exposições Internacionais, nomeadamente, 1877 em Filadélfia e 1879 no Rio de Janeiro.No ano de 1907, aquando do falecimento de um dos sócios, António de Sousa Malta Paupério, os seus herdeiros abdicam da sociedade e vendem todos os seus direitos ao sócio fundador, Joaquim Carlos Figueira pelo valor de 1500$00, a pagar num prazo de seis meses.A partir de então, a toma por designação comercial, “Paupério & Companhia, Sucessor Joaquim Carlos Figueira” que, a 4 de Dezembro de 1907, passa procuração ao filho, Eduardo Carlos Figueira, para gerir os negócios da empresa.Em 1963 é dissolvida e liquidada a então sociedade comercial em nome colectivo “Paupério & Companhia “ cuja designação se desconhece quando foi adoptada (no período compreendido entre 1907 a 1962). Neste mesmo ano, passa a designar-se de “Paupério & Companhia, Lda”, por escritura pública, constituída entre Eduardo Joaquim Reis Figueira, Eduardo António de Sousa Reis Figueira, Álvaro de Sousa Reis Figueira e Mamede António Reis Figueira.Em 1987 Eduardo Joaquim Reis Figueira morre, ficando sócios os seus filhos herdeiros, Eduardo António de Sousa Reis Figueira e Álvaro de Sousa Reis Figueira e o irmão, Mamede António Reis Figueira. Este último, em 1988 cede a sua cota à cunhada, viúva de Eduardo Joaquim Reis Figueira.Por falecimento de Eduardo António de Sousa Reis Figueira, em 1994, as suas cotas da empresa, ficam para os seus três filhos e esposa, assim como, para o seu irmão, Álvaro de Sousa Reis Figueira.Mais tarde, a vinte de Abril de 1995, Eduardo Sousa, filho de Eduardo António de Sousa Reis Figueira, adquire todas as cotas da empresa aos restantes sócios, tornando-se sócio maioritário e forma, assim, uma sociedade unipessoal.De salientar a informação aqui registada referente a este último período (1987 e 1995) foi recolhida directamente junto do actual sócio – Eduardo de Sousa.Esta empresa secular, para além da Fábrica, criou sucursais, no Porto, na Rua de Santo Ildefonso e em Lisboa, na Alameda D. Afonso Henriques, funcionando como depósitos para a distribuição dos produtos. Actualmente é administrada pela 3ª geração da família, mantendo uma linha de biscoitos tradicionais com as mesmas receitas utilizadas desde a sua criação.A Fábrica possui como competência e características únicas, a padronização na produção, a exclusividade das suas receitas, e uma única tradição de mais de cem anos.O registo da patente “Paupério” que remonta ao início do século XX para as Bolachas e Biscoitos desta Fábrica, atesta a importância e a exclusividade destes produtos que passaram além-fronteiras até às Províncias Ultramarinas de Angola, Moçambique e Guiné. Relativamente a estas últimas, conhecem-se pedidos de extensão e de renovação da marca “Paupério” que datam das décadas de 40 e 50 do século passado.O registo de contrato mais antigo, data de 1931, realizado com “Agapito & Lopo, Lda”, em que a firma “Paupério & Companhia” lhes concede representação exclusiva dos seus produtos, não só em Lisboa, mas também em África (Ocidental, Oriental e Guiné).As exportações estenderam-se também à África do Sul (Joanesburgo), sendo que, entre 1961 e 1962 aconteceram essencialmente para as Províncias Ultramarinas.Salienta-se ainda, na história existencial desta fábrica secular, registo de bolachas com designações patrióticas de “LEGIONÁRIOS” e “MOCIDADE” que datam de finais dos anos 30 do século XX e se enquadraram perfeitamente no panorama político vivido na altura em Portugal, conferindo-lhe prestígio, dada a atenção merecida sobretudo a “MOCIDADE”, por parte da Organização portuguesa com o mesmo nome.Particularmente, este tipo de bolacha foi registado em nome da “Paupério & Companhia”, após autorização concedida pelo Ministério da Educação Nacional, mas só em 1952 foi lançada e distribuída pelos vários Centros, Subdelegações e Delegações Provinciais da Organização “Mocidade” existentes quer no Continente, quer nas Ilhas.Todos os tipos de bolachas e biscoitos, como outros artigos desta Fábrica, foram dignos de registo – Minhones, Rosquinhas, Biscoitos de Milho, Rosca ou Regueifa Inglesa, Palitos de Cerveja, Provincianos, Fidalguinhos, Biscoitos de Vinho, Princesa Negra, Delícias, Húngara, entre outros, não esquecendo o Bolo Rei e o Pão de Ló.
Estatuto legal
Arquivo Privado
História custodial e arquivística
O Arquivo Histórico de Valongo, no âmbito de uma política de sensibilização de preservação e conservação de arquivos potencialmente em risco de se perderem e com elevado interesse para a história do Concelho, propôs ao sócio único da Empresa, Sr. Eduardo Sousa um contrato de Depósito para o espólio documental mais antigo, sem perda do direito de propriedade.A documentação relativa à Fábrica de Biscoitos e Bolachas é depositada no Arquivo Histórico Municipal em 2003 para tratamento arquivístico apropriado aos fundos de conservação definitiva.A proposta de integração deste acervo no Arquivo Histórico propunha de imediato um espaço adequado ao acondicionamento, bem como o tratamento arquivístico prestado pelos técnicos.Todos os esclarecimentos foram prestados, pelo que, o Sr. Eduardo Sousa aceitou realizar o Protocolo de Depósito. Este acto estabelece os deveres do Arquivo Histórico em recolher, tratar, preservar, conservar e divulgar a documentação produzida e recebida pela firma “Paupério & Companhia, Lda”, no âmbito da sua actividade desde 1874, salvaguardando-a de condições físicas menos apropriadas como sendo, a humidade, oscilações térmicas e bibliófilos, assim como, a sua organização (classificação e ordenação) e elaboração do instrumento de descrição (Inventário) de forma a garantir, facilitar e promover o acesso à mesma.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Depósito
Sistema de organização
Após a incorporação da documentação procedeu-se a um operação de limpeza e retirada de todos os elementos metálicos nocivos aos documentos.Iniciou-se depois um processo de organização, salientando-se as operações de análise, estruturação e ordenação das unidades arquivísticas.Relativamente a este fundo considerou-se um esquema multinível que admite 6 secções, 39 séries e 1 sub série.Elaborou-se um plano de classificação com base em critérios funcionais, reflectindo as suas secções, tanto quanto possível, as funções da firma, como entidade produtora dos documentos, pelo que, os critérios seguidos passaram pelo respeito pela proveniência e ordem original dos documentos.Uma vez classificados, os documentos foram ordenados de uma forma sequencial prevalecendo o critério cronológico dentro de cada série.Concluída a fase de organização procedeu-se à descrição documental ao nível da unidade de instalação. Atribuíram-se posteriormente as cotas arquivísticas aos documentos com os respectivos códigos de referência: entidade detentora – Arquivo Histórico de Valongo, entidade produtora – Fábrica de Biscoitos Paupério, a respectiva secção e o número de unidade de instalação.
Condições de reprodução
A documentação depositada é colocada à disposição dos utilizadores, ficando sujeita à reprodução sempre que seja solicitada. De qualquer forma, a sua reprodução deverá ser solicitada por escrito através de requerimento dirigido ao serviço e o seu deferimento encontra-se sujeito a algumas restrições tendo em conta o seu estado de conservação.
Características físicas e requisitos técnicos
O fundo encontra-se em razoável estado de conservação. Foram retirados materiais nocivos aos documentos, como clipes e agrafos e cosidos alguns processos, sendo depois acondicionados em caixas e pastas desacidificadas.
Instrumentos de pesquisa
Inventário