Empresa das Lousas de Valongo
Informação não tratada arquivisticamente.
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/AHMVLG/AE/ELVLG
Título
Empresa das Lousas de Valongo
Datas de produção
1865
a
1979
Dimensão e suporte
48 lv.; 3 mç.; 1 cad.; 8 cx.; 27 pt.
Entidade detentora
Arquivo Histórico Municipal de Valongo
História administrativa/biográfica/familiar
A exploração industrial da lousa em Valongo começou em 1865, com a instalação da companhia inglesa no concelho – The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company.Entre 1862 e 1867 a companhia adquire “...certas terras, pedras, rochas de lousas, direitos, gado em Valongo e a compra e aforamento (perpéctuo ou por tempo determinado) de outras terras do mesmo reino... bens pertencentes a Nicholas Ennor e Francis Ennor. “1Em 1865 é nomeado procurador geral da empresa Francis Ennor. E em 1872 uma nova procuração nomeia Charles Coverley “... o verdadeiro e legal procurador ”.A produção inicial destinava-se à exportação para Inglaterra (sede da empresa) e Estados Unidos, onde havia escritórios e armazéns de distribuição. Para exportação produziam-se soletos, pedras polidas, quadros escolares e pedras para bilhares.Em 1874 D.Luís nomeia por alvará, a companhia inglesa, fornecedora da Casa RealEra administrador da empresa Charles Ennor.A exploração era feita em minas a céu aberto, das quais se destacam Galinheiro, Vale de Amores e Susão. A Mina do Galinheiro foi a primeira a ser explorada , como consta da escritura de emprazamento feita a 15 de Março de 1865 por 225$000 réis à Câmara Municipal por Eduardo Ennor, membro da respeitável família Ennor. Era mestre e director da mina João Welch.Mais tarde, “...a Companhia comprou em 1889 a mina do Exmo. Sr. António Lopes dos Santos por 1700$000 réis e a do Exmo. Sr. António Marques Paiva, por 5000$000 réis,.. no Gallinheiro empregam-se para cima de 300 operários, parte dos quaes trabalham nas minas, e parte na fábrica, onde se labora e pule a pedra.”2A Mina de Vale de Amores, começou a ser explorada em 1896, por José Seara e Francisco Seara e que mais tarde vêm a cedê-la à Companhia Inglesa, “ mediante um contracto em virtude do qual receberam aquelles senhores todos os annos metade dos lucros.” A Mina do Susão, começou a ser explorada em 1867, empregando na altura 25 trabalhadores.A Vallongo Slates fazia exploração e extracção na região de Penafiel, concretamente na Serra da Boneca. No ano de 1875 foi cedida pela Câmara Municipal de Penafiel à Companhia Inglesa a concessão de um terreno na Serra da Boneca, para exploração de jazigos de lousa, sendo a mesma concessão aprovada pelo Conselho de Distrito.Mais tarde a Junta de Paróquia de Sebolido, do Concelho de Penafiel fez arrendamento do mesmo terreno à firma Hastings. A partir de então desenrolou-se um processo judicial pela disputa do terreno, entre a Companhia Inglesa e a Hastings. Esta questão foi julgada em 1ª Instância a favor da Vallongo Slates, que continuou a sua exploração até meados do séc XX. Em todas as minas estavam montadas grandes máquinas a vapor que facilitavam em muito a extracção da lousa. A energia eléctrica chega à Vallongo Slates nos anos 20, em ramal pago pela empresa.Alguns anos depois a Companhia Inglesa fez um empréstimo à Câmara de Valongo (1924) para electrificação da Vila, tendo depois, havido por parte da Autarquia várias dificuldades no pagamento, nomeadamente com a Revolução de 1926 e a nomeação de uma Comissão Consultiva.O ano de 1930 anuncia uma 2ª fase da empresaNos anos 30 foi saldado o empréstimo por troca da construção da estrada do Rio Ferreira – Póvoas, pela Câmara que a Companhia mandara construir.É também em 1930 que se forma a Empresa das Lousas de Valongo, que adquire todo o activo e passivo da Valongo Slate & Marbles Company.Nos finais dos anos 30 (1939), com a Segunda Guerra Mundial, a empresa atravessa uma crise económica grave. A Europa estava destruída e os governos a protegerem com taxas de importação, as indústrias locais.Só a partir dos anos 50 com a reconstrução da Europa, a economia volta a subir, tendo a partir de então, modificado o mercado. A lousa começou a ser utilizada também como uma rocha ornamental e de construção, nomeadamente para pavimentos, revestimentos, etc.Caminhou-se para uma indústria altamente mecanizada tanto na extracção como na transformação.A ardósia de Valongo é conhecida pelas características específicas da região onde se situa (Valongo – Douro Litoral) e pela idade geológica das suas pedreiras (Landeiliano Superior).
Estatuto legal
Arquivo Privado
História custodial e arquivística
O Arquivo Histórico de Valongo, no âmbito de uma política de sensibilização de preservação e conservação de arquivos potencialmente em risco de se perderem e com elevado interesse para a história do Concelho, propôs ao Administrador da Empresa, Sr. Nunes de Matos um contrato de Depósito para o espólio documental mais antigo da Empresa.A documentação relativa à Empresa das Lousas é depositada no Arquivo Histórico Municipal em 2004 para tratamento arquivístico apropriado aos fundos de conservação definitiva.A antiguidade e a importância da Empresa das Lousas na constelação das instituições concelhias, tornaram imperiosa a preservação da memória escrita contida nos documentos.O núcleo documental integra documentos da Vallongo Slates( 1865 – 1930) e da Empresa das Lousas (1930 - 1979).A extensão do acervo não obstante os mais de 100 anos da empresa, revelar-se-ia reduzido.O óbice que constitui a carência de documentação relativa ao pessoal, impossibilita saber-se quantos eram. Da sua actividade mais não temos que indirectas referências.Os documentos encontravam-se acondicionados dentro de uma caixa em chapa, na sala de reuniões da empresa e outros num espaço degradado e desactivado da mesma, onde não existiam condições físicas apropriadas à sua preservação.A proposta de integração deste acervo no Arquivo Histórico propunha de imediato um espaço adequado ao acondicionamento, bem como o tratamento arquivístico prestado pelos técnicos.Todos os esclarecimentos foram prestados, pelo que a administração da empresa aceitou realizar o Protocolo de Depósito. Este acto estabelece os deveres do Arquivo Histórico em preservar e conservar os documentos, salvaguardando-os de condições físicas menos apropriadas como sendo a humidade, oscilações térmicas e bibliófilos, assim como a sua organização, inventariação e comunicação. A Empresa das Lousas não perde o direito de propriedade, sendo que o presente protocolo é válido por 10 anos, renovando-se em iguais períodos por mútuo acordo das partes.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Depósito
Sistema de organização
Após a incorporação da documentação procedeu-se a uma operação de limpeza e retirada de todos os elementos metálicos nocivos aos documentos.Iniciou-se depois um processo de organização, salientando-se as operações de análise, estruturação e ordenação das unidades arquivísticas.Relativamente a este fundo considerou-se um esquema multinível que admite x secções, x sub secções, x séries e x sub séries.Elaborou-se um plano de classificação com base em critérios funcionais, reflectindo as suas secções e sub secções tanto quanto possível nas funções da empresa, como entidade produtora dos documentos.A classificação assentou na organização intelectual dos documentos, por forma a apresentar a estrutura e funções da Empresa. Tendo como critérios seguidos, o respeito pela proveniência e ordem original dos documentos, foi possível individualizar as tipologias documentais. Criou-se um quadro de classificação que reflecte o esquema de organização do fundo. As secções, sub secções, séries e sub séries que o compõem, foram estabelecidas com vista à produção de um inventário.
Condições de reprodução
A reprodução deverá ser solicitada por escrito através de requerimento dirigido ao serviço. O seu deferimento encontra-se sujeito a algumas restrições tendo em conta o seu estado de conservação ou o fim a que se destina a reprodução.
Características físicas e requisitos técnicos
O fundo encontra-se em razoável estado de conservação. Foram retirados materiais nocivos aos documentos, como clipes e agrafos e cosidos alguns processos, sendo depois acondicionados em caixas e pastas desacidificadas.
Instrumentos de pesquisa
Inventário
Unidades de descrição relacionadas
Fundo da Câmara Municipal de Valongo.